Com todos os episódios disponíveis no Star+, Pam & Tommy retrata um polêmico período da vida de Pamela Anderson e Tommy Lee.
Na minissérie, de 8 episódios, somos ambientados na década de 90, onde acompanhamos a relação entre Pam (Lily James) e Tommy (Sebastian Stan). Passeando desde o repentino casamento até o roubo e vazamento de uma sextape filmada por eles, a história apresenta como isso aconteceu e como tiveram que lidar com isso.
A estrutura de Pam & Tommy
Primeiro, é quase impossível não se interessar em saber como essa história aconteceu. E, para isso, aquilo que está sendo contado precisa ser convincente, a ponto de o público entender e se importar com o que está sendo mostrado. Então, a ideia de mostrar mais de um ponto de vista é sagaz.
Passeamos pela vida individual do casal, assim como também temos uma contextualização inicial para chegar até o determinado ponto. É estimulante acompanhar a complexa conexão dessa relação. Enquanto isso, vivemos sob o olhar de Rand, onde sua vida é mostrada e temos alguma noção do que movimenta ele.
E isso é uma coisa que a minissérie faz muito bem: personagens multifacetados, eles vão muito além de estereótipos. É claro que não é adocicado, mas não deixa de ter outros lados a serem explorados. É interessante como, às vezes, nos sentimos mal por simpatizar com o antipático.
Se Tommy é desprezível com todo mundo, com Pamela ele terá um tratamento mais afetuoso (mesmo que acabe gradualmente). E dentro das muitas camadas impostas a ela, temos excelentes discussões sobre como a mulher é vista diante de situações como essa, e como isso as afetam. O próprio Rand, que, mesmo sendo um dos grandes responsáveis por tudo isso, tem suas motivações esclarecidas.
Nesse sentido, a minissérie não soa desrespeitosa, pelo contrário, nos importamos com esses personagens. É uma história que sabe abordar atitudes e consequências, nos dando um vislumbre do quão lamentável foi tudo isso. Como nenhum de nós viveu isso, é interessante ter um olhar mais ”próximo” e essa compreensão.
O uso da extravagância
É impressionante como a minissérie não tem medo! Não tem medo de ser excêntrica, eufórica e bem-humorada. Dessa forma, os episódios dirigidos especificamente por Craig Gillespie são sensacionais, a forma com que ele afasta e aproxima rapidamente a câmera dos personagens traz uma certa agilidade para os episódios. Há também uma seleção musical excepcional.
As cenas são bem transicionadas, o visual saltita aos olhos e temos excelente noção espacial do que está acontecendo. Inclusive, quando Gillespie não dirige, conseguimos perceber, principalmente, pela perda de ritmo na forma com que a narrativa é contada.
Chega a ser assustador relembrar de Lily James no papel de Pamela. O que é aquela maquiagem? Aquelas próteses e caracterização? É impecável! Ela ficou irreconhecível e em vários momentos, realmente estamos vendo a Pamela Anderson. Além disso, sua interpretação consegue ser doce, íntima e energizada, em simultâneo. Enquanto Sebastian Stan está simplesmente maluco. Com uma veia extremamente cômica e até furiosa, vemos como o ator se esforçou inteiramente no papel. E mesmo que Seth Rogen seja mais conhecido por seus papéis na comédia (aqui ainda tem), ele consegue ser comovente e odioso, assim como o personagem de Sebastian.
É notável como ultrapassaram todos os limites com essa minissérie. O que é a cena do Tommy conversando com… você sabe o quê! É tudo com o volume no alto: o humor, o drama, os palavrões, a nudez e as vivências. Ainda sim, há momentos pontuais que soam repentinos ou que não são tão instigantes.
Portanto, Pam & Tommy é divertidíssima, mas não deixa de nos envolver com esses personagens. A melhor coisa que uma história baseada na vida real pode fazer é: mesmo tendo seu desfecho 100% certo, nos fazer desejar que as coisas difiram de como realmente são.