Dirigido por Quentin Tarantino, Django Livre é um dos filmes mais adorados do cineasta. Vindo logo após Bastardos Inglórios, o longa está prestes a completar dez anos de lançamento, além de ter vencido o Óscar de Melhor Roteiro Original e Melhor Ator Coadjuvante.
No filme, ambientado no sul dos EUA, o ex-escravo Django (Jamie Foxx) se junta ao caçador de recompensas King Schultz (Christoph Waltz), para caçarem os criminosos mais procurados do país. Django está a procura de Broomhilda (Kerry Washington), sua esposa, então, ele e Schultz armam um plano para livrá-la da escravidão. Contudo, nenhum deles espera o que está por vir.
Django Livre: faroeste e história de amor
Acima de tudo, esse filme é uma grande história de amor. E para chegarmos no ponto tão esperado, há uma excelente construção dos elementos de faroeste, a começar pela dinâmica da dupla principal. Com um Christoph Waltz astuto e carismático, Schultz nos encanta desde a primeira cena.
Mas, afinal, quem é Django? Esse é o personagem que sofre uma transição significativa conforme a história passa. Tudo está acontecendo por ele e pelo que ele luta. Quanto mais ele aperfeiçoa suas habilidades, adquire sua confiança e altera seu visual, o entendemos e queremos traçar essa jornada com ele. Nesse papel, Jamie Foxx entrega tudo que o roteiro demanda apenas com o olhar, além da transformação em sua postura.
A violência é bem utilizada e visivelmente bem-feita, devido aos efeitos práticos, pontualidade e escala. Assim como a trilha, que está bem posicionada e possui temas memoráveis; mas, também é bizarro ver como funciona a mente de Tarantino, em colocar rap em meio à ação de um western (o que funcionou perfeitamente). O próprio humor é muito característico, nos fazendo questionar se é certo rir daquilo.
Nesse sentido, o filme apresenta várias ”mini-situações” antes de atingir seu conflito principal, afinal, é uma dupla de caçadores de recompensa em ação. E é impressionante como elas estão recheadas de diálogos marcantes e momentos que divertem o espectador. É interessante também, como o visual do filme diz sobre sua época, seja pelo figurino e escolhas de ambiente, ou até pelos dentes podres dos personagens.
Fogo nos racistas
Filmes como: Kill Bill (Volume 1 e 2), Bastardos Inglórios e Era uma Vez em… Hollywood, mostram como Tarantino é adepto a histórias de vingança, esses dois últimos em específico, ele mostra como gosta de se vingar da nossa história. Se em Bastardos ele acaba com os nazistas e em Era uma Vez destroça parte da família Manson, em Django ele não dá vez aos racistas.
É claro que, quando esses seres desprezíveis abrem a boca no filme, nós sentimos repulsa. Um exemplo claro disso é o personagem de Leonardo DiCaprio, que graças à sua sublime atuação, sentimos raiva do personagem e suas atitudes. Dessa forma, o filme sempre acaba por nos recompensar diante de passagens como essa, felizmente.
A violência retratada nesses momentos consegue ser de extrema satisfação. Há uma inventividade por trás das mortes, que somada ao tipo de pessoa que estamos vendo, torna-se devidamente competente e agradável para quem assiste, afinal, não existe meio-termo. Quando Django conclui sua jornada, nós sentimos alívio e empolgação por suas atitudes naquele ponto. Destaque para Kerry Washington, que em pouco tempo convence muito no drama de sua personagem e é ótima com Foxx.
Quando o excelente Samuel L. Jackson entra em cena e temos a ruptura na história, o filme constrói uma tremenda atmosfera de tensão. As viradas são orgânicas e fazem sentido, mas, chega um ponto em que tudo parece estar perdido. Até que chegamos a um final absolutamente perfeito, onde ele não poderia encerrar de maneira mais épica e eletrizante.
Portanto, Django Livre é aquele filme imperdível, que investe cada pessoa que senta para assisti-lo. As referências de Tarantino não excluem sua coragem e originalidade em contar uma história como essa, que amarra tanta coisa e se supera conforme as coisas acontecem. Uma obra-prima!