Recém lançada no HBO Max e insistentemente recomendada no Twitter pelo excepcional Neil Gaiman, Wellington Paranormal é o perfeito misto para quem curte tanto comédia, quanto terror, e aprecia combinações de gargalhadas e sustos.
A série surgiu como spin-off do cultuado O Que Fazemos nas Sombras, mockumentary de 2014 que retrata a vida de vampiros neozelandeses, dirigido por Jemaine Clement e Taika Waititi. Este último já muito reconhecido atualmente pelos trabalhos em Thor: Ragnarok e Jojo Rabbit.
Mas a oportunidade de dirigir grandes filmes hollywoodianos apenas ocorreu em razão da qualidade dos projetos neozelandeses de Waititi. Dentre eles, está o maravilhoso Wellington Paranormal, que retrata a rotina dos policiais O’Leary e Minogue, coadjuvantes do filme e protagonistas da série.
No longa, a dupla responde um chamado de arrombamento na casa dos vampiros, mas se atrapalha em reconhecer os elementos sobrenaturais da residência. A série segue nessa mesma temática, assim como no teor documental, e mostra os policiais da pacata cidade de Wellington lidando com diversos fenômenos sobrenaturais de forma cômica e caótica.
As risadas surgem principalmente das situações de estranhamento e confusão dos policiais, acostumados com a naturalidade e constância da vida na Nova Zelândia. Assim, em um departamento onde antes as preocupações principais eram roubos de calças ou quantos likes a delegacia ganhou no Instagram, aparecem problemas como demônios, fantasmas, vampiros e alienígenas.
A dupla, como antes dito, é composta por Minogue e O’Leary. O primeiro, um policial cujo QI parece gravemente reduzido, a segunda, uma policial moderadamente mais inteligente, porém igualmente perdida. Junto aos dois, temos o sargento Maaka, conhecedor do universo paranormal (através de fóruns na internet) e mentor das missões da dupla.
Os três formam uma divisão secreta (ou pelo menos deveria ser) de assuntos sobrenaturais na polícia de Wellington, e cuidam do “outro lado” da cidade. Nesse sentido, a narrativa é bastante segmentada, e uma ou duas “assombrações” contemplam cada episódio, que são inclusive poucos (apenas seis) e de curta duração.
No entanto, a rapidez da produção não interfere em nada na qualidade da mesma, e talvez até a melhore. É aquele tipo de série para assistir no final da noite, um respiro com ótima dose de humor para ajudar esquecer da loucura do dia. Note-se, porém, que alguns episódios têm cenas ligeiramente assustadoras, algo que pode não contribuir muito bem para o sono.
O melhor episódio da temporada é provavelmente o quinto, nomeado ironicamente como A Normal Night (Uma noite normal, em tradução livre), que trata de um dia em que, aparentemente, nada de sobrenatural acontece.
Outros destaques são o terceiro, o mais assustador e cujo tema é: fantasmas; e o sexto, que mostra uma epidemia zumbi em pequena escala. Contudo, nem pense em pular algum episódio, afinal, todos são, no mínimo, brilhantes.
Além disso, os atores representam com exatidão o imaginário de como seria um policial na Nova Zelândia, imerso naquela monotonia de um lugar desenvolvido e funcional, e que não costuma lidar com crimes mais sérios.
Outro grande ponto positivo vai para inclusão, não pense que você vai encontrar aquele elenco estilo norte-americano super produzido, bonito e idealizado. Em realidade, os atores tem aparência de gente como a gente, algo que aproxima o espectador e auxilia no formato de documentário da obra.
Wellington Paranormal é uma série de nicho, mas que vai atender incrivelmente bem àqueles que gostam da mescla de humor com sobrenatural. Aliás, geralmente quem assiste e se identifica costuma sair indicando a série para todo mundo que conhece.
E melhor: o espectador não precisa se contentar apenas com a 1° temporada, pois a HBO Max já disponibilizou outras duas completas. De fato, se você aprecia esse estilo de pseudodocumentário nonsense, Wellington Paranormal tende a ser um absoluto deleite.