Este artigo pode conter alguns spoilers sobre a história, então ficará a seu encargo prosseguir com a leitura.
Já imaginou se tudo de ruim estivesse reunido em um cantinho na sua cidade?
Em O Rei Peste, Edgar Allan Poe nos conta sobre uma região proibida de ser habitada por uma peste que matou todos que ali moravam. Mas é óbvio que os espertinhos sempre existem, e os marinheiros Legs e Tarpaulin que adentram o lugar, bêbados, e logo começam a ver que existe algo vivo ali…
Por mais que a premissa da história aparente ser assustadora, O Rei Peste é um conto bastante leve e quase cômico, se comparado com trabalhos mais pesados do autor como Berenice e O Visionário.
No conto, Legs e Tarpaulin se deparam com uma corte de seres pestilentos que governam o lugar isolado da cidade. As pestes possuem aparências desfiguradas e possuem hábitos estranhos, mas são corteses e hospitaleiros até certo ponto. É evidente que as criaturas possuem um grande ego, intitulando a si mesmos. Mesmo assim, todos concordam com as decisões da figura mais importante do recinto, o Rei Peste.
A nobre dama sentada à nossa frente é a Rainha Peste, nossa Sereníssima Esposa. Os outros personagens ilustres que vedes pertencem todos à nossa família e usam as insígnias do sangue real nos respectivos títulos de: “Sua Graça o Arquiduque Peste-Ifero”, “Sua Graça o Duque Pest-Ilencial”, “Sua Graça o Duque Tem-Pestuoso” e “Sua Serena Alteza a Arquiduquesa Ana-Peste”.
Com a linguagem bem carregada, a obra é bem menos apegada na personalidade de seus protagonistas, que parecem ser somente estereótipos de piratas da época. Demorou um pouco para se perceber que talvez esse fato se dê por conta de que Legs e Tarpaulin são somente meras figuras que ocupam um papel em uma alegoria, que, critica os governantes e sua pompa, apesar de seus atos hediondos.
Vemos muita criatividade em como Poe idealizou o tema, ambiente e as situações para encaixarem na metáfora.
No geral, O Rei Peste se mostra um conto divertido e rápido, porém que ainda proporciona uma visão crítica à aqueles que conseguem ver nas entrelinhas.
—