Após o sucesso da primeira temporada de Twin Peaks, uma segunda seria inevitável, ainda mais com tanta coisa em aberto. Dessa forma, agora com 22 episódios, ela foi lançada um ano após sua antecessora, em 1991. Será que finalmente tivemos as respostas que tanto esperávamos?
Nessa temporada, a busca pelo assassino de Laura Palmer (Sheryl Lee) continua. Cooper (Kyle MacLachlan) continua recebendo estranhas pistas sobre o assassinato, mas, dessa vez, percebendo que tem algo muito mais a fundo acontecendo. Enquanto isso, as pessoas da cidade continuam a lidar com seus problemas.
Mais perguntas e respostas em Twin Peaks

Primeiro, é interessante apontar como o início da temporada funcionou tão bem. Com um ritmo frenético e cada vez mais se aproximando da chocante revelação, há um melhor aprofundamento em questões plantadas na temporada anterior. A resposta que tanto esperávamos consegue ser bem construída e faz sentido, gerando até um momento emocionante.
Essa série nunca foi uma história de terror, mas ela possui tantos elementos que nos manipulam de maneiras tão grotescas, que fica impossível não se sentir desconfortável. E, mesmo que nem sempre tudo fique claro, conseguimos ter uma boa noção geral; já que os personagens estão começando a ter também.
As mensagens que o Cooper recebe são ainda mais emblemáticas e estimula o público a continuar acompanhando, afinal, queremos ver onde aquilo vai parar. Ainda, sim, essa certamente é a temporada mais bem-humorada. Existem situações cômicas, girando em torno de vários personagens e trazendo boas descontrações.
Quando chegamos aos últimos episódios e entramos nesse lado mais ficção científica e, até surrealista, realmente conseguimos sentir o senso de conclusão dessa temporada; sendo até mais eficiente do que o da primeira. Algumas coisas são apenas sugestionadas e entendemos, enquanto outras, explodem nossa cabeça.
Quando determinada personagem fala ”Nos vemos daqui a 25 anos” e isso realmente viria a acontecer, aquela última cena se torna ainda mais empolgante. Somos surpreendidos com um final inesperado, querendo desesperadamente ver a continuação daquele acontecimento. Esperar 25 anos para ver deve ter sido muito difícil!
A temporada se estendeu muito?

O problema desta temporada gira em torno da sua quantidade absurda de episódios. Se não tem história o suficiente para 22 episódios, simplesmente não faça. A temporada encerraria de forma sólida se acabasse após a revelação do assassino (a) de Laura. Ou, de repente, se tivessem prolongado mais alguns episódios para tratar do que tanto queremos ver.
Nesse intervalo entre a resolução do mistério principal e o instigante fechamento, temos um meio da história muito inflado. Alguns personagens simplesmente não têm mais o que acrescentar e passamos a acompanhar núcleos muito desinteressantes. Há novos conflitos mundanos, que ao invés de serem relacionáveis, são bobos.
Novamente, o final cresce e volta ao foco, no entanto, é impossível dispensar as passagens que se conectam ao desfecho. Até existe uma boa intenção, na forma em que ela tenta definir o destino de alguns personagens, porém, executando da maneira errada. Chega em um ponto em que nos perguntamos se realmente precisamos continuar até o final (sim, precisamos).
Portanto, a segunda temporada de Twin Peaks está repleta de acertos e momentos memoráveis. Mas, não podemos ignorar seu desnecessário tamanho e as inconsistências narrativas. É empolgante, mas seria bem mais se tivesse foco.