”Nos vemos daqui a 25 anos”, foi o que Laura disse a Cooper em 1992. 25 anos se passaram e a terceira temporada de Twin Peaks (também chamada de Twin Peaks: O Retorno) finalmente foi lançada. Prosseguindo os eventos-gancho na temporada anterior, esse Especial reúne o elenco original em uma história instigante.
Nessa terceira parte, o Agente Cooper (Kyle MacLachlan) está desaparecido há 25 anos. Indícios de seu retorno deixam vários de seus antigos conhecidos encucados, impulsionando uma extensa conexão de pontos para saber o que realmente aconteceu. Então, pistas do passado serão fundamentais.
A 3ª temporada Twin Peaks e sua grande volta
Não existe nada mais empolgante do que poder acompanhar o desenrolar de um plano. Quando há propósito no que é dito, tendo um efeito futuro, o público é pego de imediato. E, ter a chance de assistir a continuação da mesma história, que já era tão interessante, com o mesmo elenco, isso, sim, é interessante.
Muito do final antecessor a essa temporada, estava sugestionado para o público entender. Ainda, sim, havia aquela dúvida: Como está a vida de tal personagem hoje em dia? Assim, a temporada é feliz quando mostra essas pessoas de volta. O próprio resgate da trilha original irá lhe tirar um sorriso.
Contudo, ela não se passa exclusivamente em Twin Peaks. Dessa forma, os episódios iniciais, mesmo que façam sentido em algum momento, parecem deslocados e demoram a engrenar. Além disso, nem todos estão de volta, sequer tendo uma menção e fazendo falta.
Alguns realmente não têm mais o que fazer, porém, isso pode ser relevado quando mostra que essas pessoas apenas envelheceram e seguiram a vida. Nesse sentido, alguns pequenos momentos se tornam bem emocionantes para quem acompanha a série, de fato, tornando-se uma homenagem.
A série em sua totalidade, já possui esse ”problema”: algumas coisas são melhores de ver do que outras. Mas, é interessante como David Lynch explora muitas de suas facetas como cineasta. Ele sabe mostrar o mais mundano que existe, no entanto, consegue mostrar o mais surreal também. Assim como sua comédia, que é divertidíssima!
Uma temporada ainda mais maluca
Essa, sem dúvidas, foi a temporada mais experimental de Lynch. Se antes queríamos ver mais a respeito desse lado ficção científica e até assutador, aqui, temos não apenas um prato cheio, mas, dois. Há muito espaço para ele explorar o mais absurdo de suas ideias e trazer o tosco que só Twin Peaks sabe fazer.
Há momentos que irão lhe causar dor de cabeça; outros em que você ficará deslumbrado com o maior uso da violência. Sempre têm aquelas cenas em que nos perguntamos ”o que está acontecendo?” e, essa temporada, foi a mais enigmática nesse sentido. Aliás, é engraçado como em cada fim de episódio tem alguém cantando (menção honrosa para o James cantando Just You).
E essa história possui uma crescente significativa. Quando somos finalmente encaminhados para o final e todas as subtramas se amarram em uma só, só torcemos para que essa temporada nunca acabe. Somos investidos nessa loucura, que foi plantada há tanto tempo e ainda possui frutos para colher.
Os dois últimos episódios em específico são alucinantes. A ficção é abraçada de vez e somos presentados com momentos gritantes. Nossas emoções são desafiadas e o encerramento, talvez tenha sido, o mais corajoso dentre as três temporadas. Quando achamos que estamos na reta final e tudo parece ter terminado bem, ainda não.
Portanto, a 3ª temporada de Twin Peaks é aquela que claramente irá te incomodar; seja de forma negativa ou positiva (bem mais positiva). Você sai dessa história pensando mais ainda, tentando assimilar todas as informações e notando como esse universo todo é precioso.