Após uma grata surpresa com seu primeiro filme, que agradou muito ao público, mas não tanto à crítica especializada e tendo arrecadado mais de 800 milhões de dólares ao redor do mundo, a Sony garantiu, desta forma, sua sequência, Venom: Tempo de Carnificina. Nós já conferimos e mostramos aqui para você, estimado leitor do Código Nerd 42.
Problemas para Venom
Após salvar o mundo da ameaça de Tumulto (Riot) e ser dado como morto, Eddie Brock (Tom Hardy) e Venom convivem em seu apartamento. Ambos possuem uma química incomum e possuem regras bem estabelecidas. Entre elas: não comer a cabeça de nenhum ser humano.
Mas o assassino serial Cletus Kasady (Woody Harrelson) pede para conceder uma entrevista final a Eddie, com a finalidade de passar suas palavras para o público. Ele tem esperança de que o jornalista irá repassar o real significado de tudo o que ele sente.
Quando tudo dá errado, Cletus se vê portando um novo simbionte, escapa do corredor da morte, da prisão, e traz o caos à cidade com seu novo parceiro, o Carnificina, e sua namorada, Shriek (Naomi Harris).
Problemas conjugais
O filme possui um trunfo muito interessante: a relação entre Eddie Brock e Venom. O diretor Andy Serkis explorou, de maneira muito divertida, essa parceria. É a mesma coisa que ver um casal convivendo na mesma casa, com os mesmos problemas que qualquer casal enfrentaria.
Pode-se resumir de tal maneira como o que assistir na televisão, ou até mesmo quando um não escuta o outro, pois brigam e amam um ao outro tanto quanto é possível. A química de Eddie com o simbionte está muito bem explorada, e é crível o quanto um é dependente do outro.
A exploração desse lado da história cria uma certa estranheza no desenvolvimento do filme. Se por um lado os problemas conjugais entre Venom e Eddie são um show à parte, a história de Cletus e Carnificina fica em segundo plano.
Mais simbiontes
No terço final do filme, quando Carnificina dá as caras, é que se percebe o quão intimidador é o novo inimigo. Porém, como já foi dito, o filme não convence no desenvolvimento do antagonista que leva junto consigo o simbionte.
Funciona se não considerar toda a história do personagem nas HQs. Cletus Kasady é quase tão complexo quanto o Coringa da DC Comics. O personagem é altamente insano, instável, violento e sem nenhum remorso. A história que o filme conta é muito superficial e isso gera decepção.
A verdade é que fica mais um potencial desperdiçado. Talvez isso se dê pelo fato de que o filme seja muito curto. Ou pela falta de criatividade do roteiro em trabalhar melhor a história. Carnificina é um inimigo extremante perigoso do universo Marvel. Vê-lo reduzido ao que o filme mostra realmente decepciona. Ainda mais contando com Woody Harrelson no papel do antagonista.
Portanto, não estranhe se quando estiver assistindo, a sensação de querer mais Carnificina na tela for recorrente. Apesar de estar um pouco deturpado do que o personagem é nas HQs, não é esse fator predominante aqui. O primeiro filme já deixou claro que não seguirá a personalidade dos quadrinhos, e isso mantém-se neste segundo filme.
Atuações
A atuação de Woody Harrelson como Cletus Kasady é excelente. Apesar da distorção do personagem em relação à HQ, combina muito no papel. Contudo, é muito pouco para a tonalidade do filme, que deveria ter classificação para maiores. Tom Hardy mantém sua performance do filme anterior como Eddie Brock.
Destaque para Naomi Harris. Sua personagem é Francis Barrison, conhecida como Shriek. No filme, seus poderes se baseiam em gritos supersônicos e deixa a entender serem mutantes. Porém, como sua história não é aprofundada, essa origem fica devendo.
O núcleo de apoio, principalmente com Michelle Williams retornando como a ex-noiva do protagonista, é competente e, apesar de muito subutilizado, funciona.
Mais alguns problemas
O maior problema do filme é a pressa. É impossível não pensar em um filme de pouco menos de uma hora e trinta minutos com um desenvolvimento bem feito.
Inclusive, no mundo moderno, poucos são os filmes que não chegam perto de duas horas, exatamente por conta de desenvolvimento de roteiro. Por esse motivo, Venom: Tempo de Carnificina passa a impressão de que algumas cenas foram simplesmente jogadas para preencher roteiro.
O desenvolvimento é limitado. As cenas desconexas deixam o espectador confuso, o que não aconteceria se o filme fosse mais longo e melhor desenvolvido. Desta forma, por mais que o filme se esforce, não consegue entregar uma história crível.
Conclusão
Em suma, Venom: Tempo de Carnificina, é um filme que mantém a toada do primeiro. Divertido e com piadas pontuais, focando bastante na relação de Eddie Brock com seu simbionte.
O filme é fraco no desenvolvimento de seu antagonista e da história. Contudo, se o espectador desapegar desse desenvolvimento e pensar no Carnificina como um vilão genérico, tal qual foi o Tumulto (Riot) do primeiro filme, é possível se divertir. Mas não tenha muitas expectativas, pois o filme não faz jus ao nome. Não é tão “tempo de carnificina” assim.
Aconteça o que acontecer, não deixe a sala de cinema sem ver a cena pós-créditos. Ela é essencial!
Leia mais sobre: Venom