No ano de 1833, a irlandesa Mary Mallon lutava para conseguir se estabelecer nos Estados Unidos, trabalhando como cozinheira e empregada em residências da alta classe.
Não demorou até que os primeiros casos de febre tifoide chegassem ao país. A bactéria Salmonella lesiona o organismo e a composição sanguínea dos afetados. Mas a grande surpresa era de que famílias ricas estavam sofrendo com a febre também, que era típica de áreas periféricas.
Em 1900, Mary trabalhou como cozinheira em uma família que morava perto de Nova Iorque. Duas semanas depois, oito pessoas adoeceram. No ano seguinte, a história se repetiu, em Manhattan. Até que em 1906, estava trabalhando na residência de um banqueiro em Long Island. Após um mês, sete pessoas foram infectadas e levadas ao hospital. O locador da mansão do banqueiro estava com medo de não conseguir mais alugá-la após a situação, e contratou George Soper, um engenheiro que lidava com instalações sanitárias para analisar a casa.
George Soper não encontrou nada suspeito nos cômodos, mas estranhou a cozinheira ter abandonado o emprego. O engenheiro procurou saber mais sobre a moça nas agências de colocação, e descobriu que a cozinheira trabalhou em bairros de Nova Iorque, e que em um período de seis anos, todas as casas foram infectadas após sua estadia. Vinte e dois casos de febre tifoide surgiram, e uma menina morreu. Só podia ser Mary Mallon, com seus sorvetes de pêssegos picados à mão.
Soper solicitou a ajuda do Departamento de Saúde, e Mary foi levada à força para um hospital. Negou estar doente, atacou um médico com um garfo, socou um policial e fugiu. Mesmo assim, bactérias da Salmonella typhi foram encontradas em suas fezes. De algum modo, a moça mesmo saudável, continuava transmitindo a doença.
Ninguém sabe se Mary tinha consciência de seu estado até o momento, mas parecia incapaz, já que se defendeu alegando:
Sou inocente. Não cometi nenhum crime… É injusto. Parece incrível que uma mulher indefesa possa ser tratada assim em uma comunidade cristã. Por que me desterram como uma leprosa?
Confinaram Mary por três anos no Hospital Riverside, mas a liberaram com a condição de que não voltasse a cozinhar. No entanto, em 1915, houve um surto de febre tifoide em uma maternidade em Manhattan, e 25 pessoas ficaram doentes, e 2 morreram. E descobriram que a funcionária Mary Brown era, na verdade, Mary Mallon. Apesar de ter tentado uma fuga, foi pega e enviada ao hospital Riverside de novo, onde foi paciente até sua morte por pneumonia, em 1938.
Mary Mallon se apegou a fé nos seus momentos de solidão. Em 23 anos, não recebeu nenhuma visita. A autopsia de seu cadáver não foi realizada, e foi enterrada em um cemitério católico. Estipula-se que 53 pessoas foram infectadas e entre elas, três morreram.
A irlandesa foi apelidada pela mídia como Mary Tifoide, e ridicularizada por infectar a alta classe. Mallon era uma mulher estrangeira sozinha e pobre, e hoje muitos acreditam que muitas atitudes suas foram pensando em sua própria segurança, seja física ou financeira.
O termo Typhoid Mary passou a ser utilizado para nomear aqueles que transmitem doenças para outros, se recusam a fazer exames e tomar atitudes para evitar a propagação de enfermidades.
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E aí? Você já conhecia essa história?
Fontes: El país, Aventuras na História