O cineasta Quentin Tarantino é um dos mais aclamados da nossa geração. Responsável por grandes clássicos do cinema, muitos de seus filmes têm força por conta da complexidade dos personagens criados. E, às vezes, temos alguns desses no mesmo filme!
Sabe aquele personagem que marca? Seja pela paciência ou precisão nas falas dadas a ele? Nem sempre serão os mocinhos, mas os vilões também. E Tarantino é mestre nisso, mesmo com personagens tomando atitudes questionáveis, nós gostamos deles.
Por isso, hoje listaremos os dez melhores personagens de Quentin Tarantino. Confira a seguir.
Jules Winnfield (Pulp Fiction: Tempo de Violência)
”O caminho do justo está cercado por todos os lados pelas iniquidades do egoísta e pela tirania dos maus. Abençoado seja aquele, que em nome da caridade e da boa vontade, conduz o fraco pelo vale da da morte. Pois ele é, verdadeiramente, o guardião e o protetor dos filhos perdidos. E eu tornarei deles grandes vinganças com furiosas repreensões sobre aqueles que tentam envenenar e destruir meus irmãos. E saberão que eu sou o Senhor, quando tiver exercido a minha vingança contra eles.”
Um monólogo icônico realizado por um ator mais ainda! Jules se torna um personagem interessante pela situação que lhe ocorre, ou seja, um gângster que passa a questionar sua moralidade após presenciar um ”milagre”. Além de não existir ninguém melhor para interpretá-lo do que Samuel L. Jackson; o cuidado nos diálogos e sua confiança destacam esse personagem, mesmo não sendo o protagonista.
A Noiva (Kill Bill – Volume 1)
Primeiro, ela só queria ter uma vida pacata, fugir de seu passado. Então, leva um tiro na cabeça e fica em coma por quatro anos. É notável como essa premissa soa forte o suficiente para uma história de vingança! Apelidada de ”A Noiva”, Beatrix Kiddo é uma assassina fria, temida e determinada a destruir todos aqueles que acabaram com sua vida.
Além de termos uma excelente entrega física e dramática de Uma Thurman, nós torcemos por essa personagem. Ela é paciente, sorrateira e muito persistente. Sendo uma das primeiras figuras que introduziu a violência extrema na filmografia de Tarantino, A Noiva é multifacetada, se mostrando muito além do que estamos vendo.
O-Ren Ishii (Kill Bill – Volume 1)
Ainda na temática de vingança, a grande antagonista de Kill Bill – Volume 1, O-Ren Ishii é simplesmente fantástica. Desse modo, sua história de origem, contada brilhantemente em formato de animação, consegue esclarecer muito bem suas motivações para torná-la nessa figura tão sarcástica e imponente.
Absolutamente todas as suas cenas no filme são hipnotizantes. Lucy Liu traz a presença necessária para sentirmos essa personagem em tela. E, mesmo que esse primeiro filme seja relativamente curto e as cenas com O-Ren Ishii sejam pontuais, nós temos todo o necessário para a construção dessa personagem tão cativante. Nesse sentido, a entendemos e a odiamos, em simultâneo.
Bill (Kill Bill – Volume 2)
A grande figura emblemática que dá título aos dois filmes, Bill. Responsável pela história desses filmes existirem da forma que é, o personagem nos instiga a compreendê-lo mesmo quando não o vemos em tela. Com uma interpretação calma e até subversiva, David Carradine não poderia estar melhor encaixado.
O texto criado para esse personagem também o esclarece. Mas o que deixa-o tão interessante é vermos como ele toma controle das situações, gerando o fator imprevisibilidade. Ele dá medo, sem necessariamente ser assustador, afinal, é apenas um velho; porém, suas atitudes, experiência no olhar e falas são impactantes. O que é aquele paralelo de Beatrix Kiddo com o Superman? Incrível!
Shosanna Dreyfus (Bastardos Inglórios)
Se destacando no capítulo “A Vingança do Rosto Gigante”, Shosanna inicia o filme em uma situação completamente frágil. Após ter que, praticamente, mudar de vida, seu ódio por nazistas matura cada vez mais. Então, o roteiro apresenta uma sacada de gênio: colocar a garota judia para trabalhar em um cinema, onde um filme nazista será exibido em uma plateia repleto deles.
Mélanie Laurent transparece perfeitamente a falta de paciência que a personagem tem, além de parecer ser a última pessoa que os nazistas desconfiariam; afinal, ela é quieta e tranquila. Mas, justamente por sua história trágica, ela não podia perder a chance de nos presentear com um final satisfatoriamente diferente da nossa história. Já pensou como seria épico o capítulo ”A face da vingança judia” nos nossos livros de história?
Hans Landa (Bastardos Inglórios)
O que dizer de Hans Landa e a interpretação magistral de Christoph Waltz? Esse é aquele personagem que consegue o que quer com apenas em uma conversa. Seu jeito debochado e ”gentil” deixa as pessoas tensas, afinal, seu uniforme continua à vista. A forma com que Christoph o interpreta, com toda a certeza, deixa esse vilão mais complexo para quem assiste; ele é: ágil, bem articulado e gera conflito com sua falsa simpatia.
Se os outros personagens do filme haviam traçado um plano, esse foi o único capaz de desvendar e ainda tirar proveito disso. Ele é investigativo, atento aos detalhes. Para exemplificar: os Bastardos se infiltram como italianos em uma cerimônia alemã, afinal, eles deduzem que os alemães não conseguiriam identificar o sotaque. Mas quem é o único personagem que fala três línguas durante o filme?
Django (Django Livre)
Esse é um daqueles filmes em que a primeira cena é necessária para o impacto da última. Django queria apenas encontrar sua esposa, caindo no caminho de um caçador de recompensas e finalmente achando meios de cumprir seu objetivo. A transformação que esse personagem sofre o deixa mais confiante e habilidoso.
Durante o filme, ele passa um processo de experiências, para estar pronto para a grande batalha de sua vida. Posteriormente, com muita coragem, ele enfrenta situações onde seria quase impossível sair vivo, nos proporcionando grandes momentos épicos e violentos contra o racismo. Dessa forma, a postura construída gradualmente por Jamie Foxx é sublime.
Calvin Candie (Django Livre)
Esse é um daqueles personagens mais desprezíveis da história do cinema. Calvin é asqueroso tanto em seu estado normal quanto no estado furioso. Ele é: racista, sarrista e muito arrogante. Mas, é claro, seu impacto na trama é extremamente significativo, afinal, em algum momento ele toma consciência do que realmente está acontecendo e subverte a jornada dos nossos heróis.
Nesse sentido, um personagem tão horrível merecia uma atuação que fizesse o público ressaltar esses defeitos. Assim, Leonardo DiCaprio entrega uma de suas melhores atuações de sua carreira, entregando o papel com muita fúria e causando incômodo em quem assiste. Então, ele nos dá a percepção do poder de um roteiro somado a uma grande atuação.
Rick Dalton (Era uma Vez em… Hollywood)
Rick é uma das coisas mais complexas que Tarantino já criou, ele é sentimental, leal e muito inseguro. E, claro, ele também é o típico ator hollywoodiano que demora a aceitar mudanças e se preocupa sobre como o público o verá, sendo mesquinho em muitos momentos.
Mas o que torna ele tão interessante se deve ao fato de podermos acompanhar seu processo de amadurecimento e aceitação nessa nova indústria cinematográfica. Aliás, ele também se destaca muito por seus comentários cômicos e energia que DiCaprio põe no papel. Dessa forma, Rick Dalton é apenas uma pessoa, com medos, falhas e acertos. Contudo, a forma com que Tarantino o escreve, deixa ele com muitas camadas. Ele quer sentir bem com ele mesmo, como não se relacionar com isso?
Cliff Booth (Era uma Vez em… Hollywood)
Por fim, Cliff Booth. Que personagem! Se Rick é histérico e emotivo, Cliff é o total oposto. É claro, assim como Rick, ele também um amigo leal, mas não sabemos muito sobre seu passado e, mesmo assim, entendemos que ele não é um cara comum. Ele é seguro de suas atitudes, sabe quando usar as palavras e não tem medo de absolutamente nada, transformando situações violentas em cômicas.
Nesse sentido, Brad Pitt funciona perfeitamente como coadjuvante, sabendo seus momentos de brilhar e não ofuscando o nosso protagonista. Todas as cenas com ele são divertidas de ver em tela, você nunca sabe o que esse personagem irá fazer e, quando faz, é surpreendente. Sua relação com Rick é verdadeira, porém, sua relação com Brandy é tudo!
Esses são os dez melhores personagens de Quentin Tarantino, portanto, não são os únicos. Quais outros que estão de fora e você classificaria na sua lista? Deixe nos comentários!